Se você investe em cripto, tenho certeza que você usa uma exchange.
Agora, imagine uma corretora que, em vez de reter seus ativos, te incentiva a guardá-los por conta própria. Pode soar contraditório — afinal, a maioria quer manter o dinheiro dentro —, mas é exatamente o que a OKX faz.

Estive no headquarter da OKX em Singapura para uma entrevista exclusiva com Hong Fang, presidente global da companhia. E trouxe as melhores informações para você nesse artigo.

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Assista à conversa completa no canal da Underblock no YouTube:

Da Goldman Sachs ao universo cripto

Hong Fang está há mais de seis anos na OKX. Antes disso, acumulou uma década de experiência em Wall Street, passando oito anos no Goldman Sachs como investment banker para instituições financeiras, além de trabalhar com investimentos em crescimento no setor de fintechs.

Sua transição para o mundo cripto aconteceu após perceber as falhas estruturais recorrentes do sistema financeiro tradicional. Tendo vivido a crise de 2008 de dentro do mercado, ela notou que os grandes sempre eram “grandes demais para quebrar”, enquanto os pequenos — os usuários comuns — eram os que mais sofriam.

Foi ao conhecer a OKCoin, plataforma chinesa de compra de Bitcoin e Litecoin, que Fang teve contato direto com o poder transformador das criptomoedas. “Percebi que o Bitcoin foi criado com uma mentalidade completamente nova — removendo intermediários e redefinindo o conceito de valor e de dinheiro”, contou.

Essa percepção foi o ponto de virada: a chance de construir um sistema financeiro mais justo, transparente e resistente a crises.

A filosofia da OKX: incentivar a autonomia do usuário

Em um mercado onde a maioria das exchanges faz de tudo para manter seus clientes dentro da plataforma, a OKX segue o caminho oposto.

Segundo Hong, a essência do cripto é dar poder ao usuário — permitir que ele custodie seus próprios ativos e tenha total controle sobre o que é seu. “Custodiamos os ativos dos clientes por conveniência, não por interesse. O objetivo é dar liberdade para que as pessoas aprendam a cuidar do próprio dinheiro”, explica.

Essa visão se traduz em uma série de produtos desenvolvidos pela empresa:

  • OKX Wallet, uma carteira de autocustódia integrada ao mesmo app da exchange, facilitando a movimentação de fundos;
  • OKX Pay e outras soluções Web3 que unem conveniência e autonomia;
  • Investimentos constantes em interoperabilidade e segurança, para garantir que o usuário nunca precise escolher entre praticidade e liberdade.

Para Fang, o desafio está em oferecer a experiência simples do “mundo Web2” (onde tudo é rápido e intuitivo) sem sacrificar a descentralização e o controle individual.

A ponte entre conveniência e soberania digital

Muitos brasileiros que começam a investir em cripto sentem dificuldade ao migrar do universo das exchanges centralizadas (CeFi) para o mundo descentralizado (DeFi). Seed phrases, endereços longos, carteiras… tudo parece complexo demais.

Ciente disso, Hong revela que a empresa está desenvolvendo um “smart wallet” — uma carteira inteligente que permite ao usuário manter o controle total sobre suas chaves, mas com uma experiência tão fluida quanto a de um aplicativo tradicional.

A ideia é tornar o uso da Web3 natural para o público comum, reduzindo fricções e ampliando a adoção global.

Transparência como padrão: a evolução da prova de reservas

Muito antes da queda da FTX expor a fragilidade das grandes exchanges, a OKX já vinha publicando provas de reservas (Proof of Reserves).

O sistema começou de forma simples, usando árvores de Merkle, e hoje evoluiu para uma estrutura com tecnologia de prova de conhecimento zero (ZK-Proof), que garante:

  • Verificabilidade em tempo real dos ativos e passivos da empresa;
  • Privacidade dos usuários preservada;
  • Auditoria on-chain automatizada, sem necessidade de esperar por relatórios anuais.

Atualmente, a OKX divulga suas provas de reservas mensalmente, e planeja expandir o modelo para que cada jurisdição — inclusive o Brasil — tenha sua própria validação on-chain local.

Hong acredita que esse formato representa o futuro da contabilidade: auditorias automatizadas, transparentes e potencialmente em tempo real, integradas aos smart contracts. “É um modelo muito mais eficiente e confiável do que as auditorias financeiras tradicionais”, afirma.

Brasil e América Latina: uma prioridade estratégica

A executiva destacou que a OKX Brasil opera com custódia local, garantindo segurança jurídica e conformidade regulatória para os investidores brasileiros.

Além disso, a companhia vem lançando produtos específicos para o público nacional, considerando o contexto de inflação alta e desvalorização do real frente ao dólar.

Entre as novidades, está o USDG, um stablecoin que permite ao usuário receber rendimento de 4,1% ao ano diretamente na conta OKX. Para Fang, isso faz parte da visão de transformar o app da OKX em um “novo aplicativo de dinheiro” — uma carteira que combina investimentos, pagamentos e acesso global a ativos digitais.

O plano é claro: tornar o cripto parte da rotina financeira dos brasileiros.

TradiFi encontra o cripto: a nova fase da integração

Um dos temas centrais da entrevista foi o avanço da integração entre finanças tradicionais (TradFi) e o universo cripto.

Para Hong, o ponto de virada foi o surgimento de clareza regulatória — especialmente nos Estados Unidos. “O potencial do blockchain e dos stablecoins sempre foi evidente. O que faltava era um ambiente regulatório claro o suficiente para que as grandes instituições pudessem entrar com confiança”, explicou.

Hoje, empresas globais como Franklin Templeton já estão tokenizando ativos reais (os chamados Real World Assets) e usando o blockchain para reduzir custos e aumentar a eficiência de liquidação.

Nesse contexto, a OKX atua como ponte entre o capital institucional e o ecossistema cripto, colaborando com fundos e bancos para viabilizar novas formas de investimento tokenizado e maior eficiência global.

Regulação e responsabilidade global

Com presença em múltiplas jurisdições — Singapura, Europa, Austrália, Oriente Médio, Bahamas e Estados Unidos —, a OKX opera sob diferentes marcos regulatórios, incluindo MiCA, VAR, AFSL e licenças estaduais norte-americanas.

Hong ressalta que não existe um modelo único de regulação que possa ser copiado. Cada país tem sua própria estrutura econômica, prioridades e cultura de proteção ao investidor.

Ainda assim, ela destaca a importância da cooperação entre empresas e órgãos reguladores, algo que a OKX faz de forma ativa: “Compartilhamos nossa experiência global para ajudar cada mercado a construir seu próprio arcabouço, sem comprometer a segurança dos usuários.”

Singapura, segundo ela, é um exemplo de abordagem cautelosa e equilibrada, focada na proteção do consumidor e no incentivo à inovação responsável.

Uma mensagem ao futuro

Encerrando a conversa, Hong deixou um recado direto à comunidade cripto:

“Coisas boas levam tempo. HODL e continue construindo.”

A frase sintetiza o espírito da nova fase das exchanges — uma era em que autonomia, transparência e educação do investidor serão mais importantes do que nunca.

O futuro pertence a quem entende o propósito

A entrevista com a presidente da OKX deixa claro que o futuro das exchanges não está em centralizar poder, mas em educar o usuário, abrir código e descentralizar controle.

É um modelo que une inovação e responsabilidade — e que pode redefinir como pensamos sobre confiança no mercado cripto.

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