No episódio mais recente do nosso canal, recebemos André Franco, um dos analistas de cripto mais respeitados do Brasil.

Atuando no mercado desde 2015, ele foi inclusive um dos primeiros a me incentivar a investir em Bitcoin, lá em 2016.

A conversa girou em torno de um tema central que sempre desperta discussões acaloradas entre investidores: o ciclo de 4 anos do Bitcoin ainda existe ou já podemos considerar que ele acabou?

Foi esse embate de ideias — ciclo tradicional versus superciclo — que norteou a nossa discussão, trazendo reflexões práticas para quem investe e precisa tomar decisões em um cenário cada vez mais complexo.

Prefere ver em vídeo? Segue o link:

A eterna discussão: o ciclo de 4 anos ainda existe?

O mercado de criptomoedas nunca foi previsível — e talvez seja isso que o torna tão fascinante. Desde 2017, uma narrativa se consolidou entre investidores: o chamado “ciclo de 4 anos” do Bitcoin. Em resumo, a tese sugere que, após cada halving, o preço da moeda dispara, seguido por uma fase de queda acentuada, até o início de um novo ciclo.

Mas será que essa lógica ainda se aplica em 2026? Ou o amadurecimento do mercado, a entrada de players institucionais e a evolução dos ETFs mudaram completamente as regras do jogo?

Foi exatamente essa a provocação feita em um debate recente: de um lado, quem defende que o ciclo de 4 anos ainda dita o ritmo do Bitcoin; de outro, quem acredita que o mercado entrou em um “superciclo”, em que altas e quedas são mais graduais e difíceis de definir.

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O argumento a favor do ciclo

Quem defende a existência do ciclo de 4 anos aponta para a história recente. Desde 2013, os padrões de valorização e correção do Bitcoin têm seguido esse roteiro quase coreografado:

  • Halving → alta explosiva → euforia → correção de 70% ou mais.

A explicação clássica é que o halving reduz a emissão de novos bitcoins e, com oferta menor, o preço tende a subir. Ainda que muitos argumentem que a redução da recompensa seja “apenas algumas gotas no oceano”, há um aspecto psicológico e comemorativo nesse evento que o mercado abraçou.

Além disso, métricas de comportamento de investidores de longo prazo — como a acumulação em momentos de queda e a realização em topos — continuam servindo como faróis para muitos analistas.

O argumento contra o ciclo

Já os críticos defendem que o ciclo como o conhecíamos está se desfazendo. Eles lembram que o mercado cripto de 2025 é outro quando comparado a 2017 ou 2021.

Alguns pontos centrais desse raciocínio:

  • O mercado está mais maduro, com grandes instituições (BlackRock, Fidelity, Franklin Templeton) oferecendo ETFs de Bitcoin e Ether.
  • Investidores institucionais operam com horizontes e parâmetros diferentes: se contentam com 20–30% de alta e realizam com 15–20% de queda — números muito distantes das oscilações de 1000% e correções de 70% típicas do varejo cripto.
  • As métricas tradicionais (MVRV, NVT, etc.) perderam capacidade de antecipar topos e fundos. Em 2017, serviam como guia. Em 2021, já estavam defasadas. Hoje, existem dezenas de novas métricas, mas nenhuma com consenso unânime.

Na prática, o que vemos é um mercado mais parecido com o S&P 500, em que quedas de 20% já são chamadas de “bear market”. No Bitcoin, talvez tenhamos que aceitar quedas e altas menores como parte de uma tendência mais longa e gradual.

BlackRock, ETFs e o novo perfil de mercado

Um dos pontos mais discutidos foi o papel da BlackRock e de outras gigantes de Wall Street. Essas gestoras criam narrativas e sustentam produtos financeiros como os ETFs, mas nunca vão dizer aos clientes: “não comprem Bitcoin”.

O incentivo é sempre positivo — e isso muda o equilíbrio de forças no mercado.

O risco, no entanto, está em como essas teses se sustentam no longo prazo. A BlackRock já tentou impor globalmente a agenda ESG, mas recuou quando o mercado não abraçou a narrativa.

Com Bitcoin pode acontecer o mesmo: enquanto houver apetite, ETFs acumulam bilhões; se o interesse cair, a música pode parar.

O papel das altcoins

Outra dúvida recorrente: altcoins seguem o mesmo ciclo do Bitcoin?

Até aqui, Ethereum e Solana ainda não recuperaram de forma expressiva seus all-time highs. Se o ciclo tradicional se repetir, deveríamos ver uma rotação natural: primeiro Bitcoin, depois Ethereum/Solana, e só então as altcoins menores.

No entanto, o cenário pode ser outro: um Bitcoin cada vez mais institucionalizado, tratado como “reserva de valor digital”, enquanto altcoins ficam mais expostas a riscos e volatilidade.

Para o investidor, isso implica revisar a alocação. Muitos especialistas sugerem hoje uma fatia maior em Bitcoin (50–70%) e uma menor em altcoins, especialmente para quem busca defesa em um mercado incerto.

Estratégias de portfólio: defensivo x agressivo

Uma das perguntas feitas no debate foi prática: “Se eu tenho R$ 100.000 hoje, como devo investir?”

Cenário defensivo:

    • Entrar de forma parcelada (compra recorrente em 10 semanas).
    • Alocar 70% em Bitcoin antes de considerar altcoins.
    • Reavaliar a cada etapa, acelerando compras apenas em grandes quedas.

Cenário agressivo:

    • Aumentar exposição a Ethereum, Solana e projetos satélite dos dois ecossistemas.
    • Considerar o corte de juros como gatilho para ativos de risco, aproveitando o histórico positivo do último trimestre do ano (Q4).
    • Ainda manter 30–40% em Bitcoin como âncora.

Essa dualidade mostra bem a diferença entre um mercado dominado pelo varejo — que busca multiplicações explosivas — e um mercado institucional, em que retornos menores já justificam grandes movimentações de capital.

Estamos em um superciclo?

Talvez a pergunta central não seja se o ciclo de 4 anos acabou, mas sim se estamos diante de um superciclo.

Nesse cenário, o Bitcoin não teria mais quedas de 70% nem altas de 1000%. Em vez disso, viveríamos uma trajetória de valorização mais contida e correções mais suaves — como uma curva logarítmica que se comprime ao longo do tempo.

Isso significaria:

  • Mini bear markets de 20–30% (em vez de 70%).
  • Valorização contínua, mas sem explosões repentinas.
  • Dificuldade crescente em definir quando o bull market “acaba” e o bear market “começa”.

Essa leitura é reforçada pelo fato de que o Bitcoin nunca caiu durante ciclos de corte de juros — e temos pela frente pelo menos 15 meses desse cenário, segundo projeções do Fed.

Afinal, o ciclo acabou ou não?

No fim, as duas teses convergem mais do que parecem. Tanto os defensores do ciclo quanto os críticos concordam que:

  • O mercado está mais maduro.
  • As altas devem ser menores.
  • As quedas devem ser menos violentas.

A grande dúvida é se conseguiremos continuar chamando isso de “ciclo de 4 anos”, ou se já estamos em um paradigma novo, com dinâmicas próprias.

De uma forma ou de outra, o Bitcoin segue sendo um ativo central na construção de patrimônio de longo prazo.

A decisão entre ser mais defensivo ou agressivo depende do perfil, da fase de vida e do apetite a risco de cada investidor.

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