ETFs institucionais e US$ 60 bilhões líquidos revelam a transformação estrutural

Você provavelmente viu dezenas de análises sobre o Bitcoin batendo US$ 124.240.

Mas enquanto todo mundo olha para cima, eu quero que você olhe para o lado: são exatos 1.000 dias desde que este bull market começou. E essa perspectiva horizontal revela uma realidade que a vertical esconde.

Mil dias.

Para colocar isso em contexto: o ciclo anterior mais longo durou 607 dias e entregou 1.682% de retorno.

Este atual já entregou 701% e continua.

Não é apenas sobre números maiores – é sobre uma mudança na natureza do ativo que você está observando.

Quando analiso os dados históricos do Bitcoin, vejo seis ciclos distintos desde 2011, como mostrei no post acima.

Cada um com suas particularidades, seus catalisadores, suas correções.

Mas este sétimo ciclo quebrou todas as regras que conhecíamos. E a razão não está nos gráficos de preço que dominam seu feed.

Está na infraestrutura invisível que se construiu embaixo do Bitcoin enquanto você prestava atenção no barulho de cima.

Hoje vou te mostrar exatamente o que mudou, porque mil dias importam mais que qualquer máxima histórica, e o que isso revela sobre o Bitcoin que seus filhos vão herdar.

MIL DIAS EM NÚMEROS

Os números não mentem, mas também não contam a história completa.

Deixe-me colocar estes 1.000 dias em perspectiva histórica.

Desde 2011, o Bitcoin passou por seis grandes ciclos de alta. O primeiro, entre 2011-2013, durou 500 dias e entregou 12.900% de retorno.

Parece impressionante até você perceber que saiu de US$ 2 para US$ 260 – valores que hoje consideraríamos ruído estatístico.

O mais interessante não são os números absolutos, mas os padrões que se repetem. Ou melhor: os que não se repetem mais.

Nos primeiros cinco ciclos, a duração média foi de 411 dias. Este atual já passou de 1.000.

Nos anteriores, as correções intermediárias eram brutais – quedas de 70%, 80%, que faziam investidores abandonarem posições.

Neste ciclo, vimos correções, mas a base de compradores se manteve sólida.

Por quê?

Porque pela primeira vez na história do Bitcoin, temos US$ 60 bilhões líquidos vindos de ETFs institucionais.

Não são mais apenas early adopters ou especuladores de garagem. São gestoras como a BlackRock, que gerenciam trilhões e tratam Bitcoin como infraestrutura, não como experimento.

A matemática mudou. E quando a matemática muda, tudo muda.

DOS CENTAVOS AO MILHÃO

“A última criptomoeda de centavos que indiquei subiu 9.518% em 91 dias”

23/06 às 19h

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WALL STREET JÁ CHEGOU

Tem uma frase que eu usei na entrevista mais recente que concedi a CNN Money quando falo sobre institucionais: “Wall Street não está vindo – Wall Street já chegou”.

E os dados de mil dias de bull market são a prova mais clara disso.

Vamos aos fatos.

Em janeiro de 2024, foram aprovados os primeiros ETFs de Bitcoin à vista nos Estados Unidos. Desde então, o fluxo líquido de quase US$ 60 bilhões entrou no mercado apenas por essa porta. Não são números de especulação – são números de alocação estratégica.

BlackRock, a maior gestora do mundo, não está fazendo propaganda para Bitcoin por acaso.

Eles enxergaram algo que o mercado tradicional levou mais de uma década para aceitar: Bitcoin como uma nova classe de ativos. E quando BlackRock fala, trilhões escutam.

Mas a mudança vai além dos ETFs.

A mudança na liderança da SEC criou um ambiente regulatório completamente diferente.

Gary Gensler saiu, entrou um corpo diretor pró-inovação.

Houve a aprovação do Genus Act para stablecoins, Clarity Act, mudanças estruturais que transformaram “moeda de criminoso” em ativo regulamentado.

Empresas como MicroStrategy, agora Marathon e até Meliuz no Brasil estão colocando Bitcoin no balanço.

Não como trade, mas como reserva de valor. A narrativa mudou de especulação para estratégia de tesouraria.

O resultado?

Um bull market que não quebra nos fins de semana como antes, porque a demanda institucional funciona em ciclos diferentes da especulação.

O LASTRO INVISÍVEL

A pergunta sobre lastro do Bitcoin morreu em 1971.

Deixe-me explicar. Toda vez que alguém questiona “qual é o lastro do Bitcoin?”, eu pergunto de volta: qual é o lastro do dólar?

A resposta costuma ser silêncio, porque a maioria não sabe que o dólar perdeu seu lastro em ouro há mais de 50 anos, com o fim de Bretton Woods.

O lastro do dólar hoje é confiança no governo americano. O lastro do real é confiança no Banco Central. São lastros baseados em promessas de instituições que podem, a qualquer momento, imprimir mais unidades.

O Bitcoin tem um lastro diferente: escassez programável.

Quando eu falo na CNN sobre isso, sou cirúrgico nesse ponto: “O lastro do Bitcoin é a energia computacional necessária para criá-lo, combinado com a impossibilidade matemática de criar mais do que 21 milhões de unidades”. É lastro em código, não em promessa.

E aqui está o ponto que poucos captam: nos últimos 1.000 dias, este lastro invisível se tornou visível para as instituições.

Não porque mudou tecnicamente – o protocolo é o mesmo. Mas porque a percepção de risco mudou completamente.

A dívida pública americana chegou a US$ 37 trilhões e só cresce. O dólar se enfraquece (DXY em queda).

❝ Bitcoin tem correlação inversa com essa tendência.

MIL DIAS DEPOIS

Voltando ao começo: você estava olhando para cima, eu pedi para olhar para o lado.

Mil dias de bull market não são apenas estatística – são evidência de uma transformação que aconteceu debaixo dos seus olhos. Enquanto você acompanhava cada oscilação de preço, uma infraestrutura trilionária se construía em volta do Bitcoin.

ETFs institucionais, mudanças regulatórias, tesourarias corporativas, fundos soberanos. A reabilitação financeira do Bitcoin está completa.

O ativo que nasceu como experimento criptográfico se tornou a sexta maior reserva de valor do mundo.

E ainda representa apenas 10% do market cap do ouro.

Os próximos mil dias não serão sobre se Bitcoin vai subir mais. Serão sobre quanto mais um ativo com escassez programável pode valer num mundo onde governos imprimem dinheiro sem limites, onde a dívida americana cresce exponencialmente, onde o DXY despenca.

A sazonalidade histórica sugere que Q4 costuma ser forte para criptoativos. As expectativas de corte de juros pelo Fed em setembro estão acima de 90%. Wall Street não está mais chegando – já chegou e se instalou.

Os dados não mentem: 1.000 dias de bull market representam uma mudança estrutural no comportamento do Bitcoin. Isso não significa que os próximos 1.000 dias serão iguais – significa que as regras do jogo mudaram definitivamente.

Radar de Mercado

Jackson Hole no Radar

Esta semana, todos os olhos se voltam para Jackson Hole, onde Jerome Powell deve dar sinais mais claros sobre os próximos cortes de juros.

O mercado já precifica com mais de 90% de certeza um corte em setembro, mas a questão não é mais “se” vai cortar, e sim quanto e por quanto tempo.

Como isso afeta você? Cortes de juros historicamente beneficiam ativos de risco, incluindo Bitcoin.

Quando dinheiro fica mais barato, investidores buscam rendimentos maiores fora dos títulos governamentais.

E com Bitcoin agora sendo visto como hedge institucional, parte desse fluxo pode vir para criptoativos.

Guerra e Criptomoedas

Trump propôs encontro trilateral entre EUA, Rússia e Ucrânia para negociar fim do conflito. Putin “meio que concordou”, mas a Rússia permanece cautelosa.

O que isso tem a ver com seu portfólio?

Conflitos geopolíticos tradicionalmente fortalecem ativos alternativos de reserva de valor.

Durante crises, investidores buscam ativos fora do controle de governos centrais.

Bitcoin se beneficia desse fluxo, especialmente quando tensões envolvem potências nucleares. Se negociações avançarem, pode reduzir pressão sobre ativos de risco.

Se fracassarem, Bitcoin pode receber mais demanda defensiva.

ETFs de Ethereum Aceleram

Uma notícia passou despercebida: ETFs de Ethereum já controlam 5% de toda a oferta da segunda maior criptomoeda.

Lançados há pouco mais de um ano, seguem o mesmo padrão dos ETFs de Bitcoin – entrada consistente de capital institucional.

Por que isso importa? Ethereum tem supply menor que Bitcoin e maior utilidade como infraestrutura (DeFi, NFTs, stablecoins).

Se seguir a mesma trajetória de adoção institucional, o impacto percentual na oferta disponível pode ser ainda maior.

Fundos Soberanos na Jogada

O maior fundo soberano do mundo (Noruega, US$ 1,7 trilhão) aumentou exposição ao Bitcoin em 83% no último trimestre. Não via ETFs ou derivativos, mas via compra direta de ações de empresas expostas a Bitcoin.

Isso sinaliza que mesmo fundos conservadores estão buscando exposição indireta ao setor.

E quando fundos soberanos se movem, outros seguem. É capital paciente, de longo prazo, exatamente o tipo que sustenta bull markets longos.

Zonas de Liquidez Varridas – Anatomia de Uma Correção

A queda do Bitcoin de US$ 124.474 para US$ 115.000 na segunda-feira não foi acidente. Foi engenharia de liquidez em ação.

Shubh Varma, da Hyblock, explicou o que realmente aconteceu por trás dos números.

Como isso afeta você? Entender dinâmica de liquidez é fundamental para não ser pego desprevenido.

Durante fins de semana, liquidez se acumula em zonas previsíveis – traders alavancados, stop losses em níveis técnicos óbvios.

E quando Wall Street fecha, essas zonas ficam expostas.

O que vimos foi um “mapa de calor” se realizando. Pools de liquidação visíveis foram varridos sistematicamente.

O dado importante: o interesse em aberto explodiu exatamente na zona dos US$ 115.000. Significa que novos compradores entraram na fraqueza, não venderam no pânico.

Andre Dragosch, da Bitwise Europa, confirmou: “Realização de lucros por detentores de curto prazo tem diminuído ao longo do tempo”. Ou seja, mesmo com máximas históricas, a pressão vendedora está estruturalmente menor que em ciclos anteriores.

Por hoje é isso.

Obrigado pela leitura.